Onde quer quer você esteja eu estou
Poderia ter escrito esta frase várias vezes por ter me debruçado muito sobre o amor. Os amantes têm o dom da ubiquidade. Mas escrevi a frase em Carta ao filho, pois, embora o meu filho já seja um homem, sempre vou para onde ele vai. Desejo boa viagem e, como outras mães, secretamente eu o acompanho.
Graças ao nosso imaginário, temos o dom de nos deslocar com quem gostamos e, mais que isso, não nos separarmos dos amados depois da morte. A vida só acaba verdadeiramente quando nós perdemos a capacidade de imaginar ou de dizer Não estando estás. Ou seja, a capacidade de trazer para junto de nós quem está longe, como os poetas e os músicos, cantando a saudade.
nadinha
O pintor Caravaggio cometeu um assassinato em 1606, por ter ferido mortalmente um adversário durante uma rixa. Depois, por causa de outra rixa, foi encarcerado e fugiu. Lendo a história dele, me ocorreu que os artistas são frequentemente considerados loucos. Acredito que isso tenha a ver com uma confusão entre o real e o imaginário. Uma confusão sem a qual a arte pode existir, mas que também pode ser o preço a pagar pela produção artística.
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Não tenho filhos, e minha mãe já se foi da história desta vida. Pelo menos a vindoura, pois a que se passou eternizou-se em mim. Creio que é esta a relação que mantenho de Filha & Mãe. Quanto à “Loucura da Arte” hoje a assumo, mas quando mais jovem me vi bastante acusada de, no meio familiar de “meio louca” (não consegui, embora me esforçasse, parecer-lhes “normal”). Mas hoje já considero quase um elogio, se me dissessem que sou louca!Louca aos 70 anos, sem jeito de terceira idade, muito menos de “idosa”! Mas aí então eles já não mais dizem isto! A razão é simples: é que hoje consideram que seria um elogio, como se eu ainda fosse “jovem”! É que para ser “louco” é preciso ser “jovem”; pelo menos é o senso-comum! Está bem, eu sei que sou uma “jovem louca” e me basta eu me dizer isto…
Gostei imenso de seu texto, cara semelhante. Também eu, quando jovem, era constantemente chamada de maluca e ria; hoje já não me chamam assim, e me sinto cada vez mais louca e dou gargalhadas. Isso me basta.