NÃO HÁ COMO ESCAPAR ÀS ORIGENS

Talvez seja possível driblar as origens; escapar, não. Hamlet não teve como escapar ao pai, que, depois de morto, apareceu diante do seu filho dizendo: “Vinga um assassinato horrível e monstruoso”. O príncipe foi em frente, apesar da hesitação e da dúvida, cuja expressão clássica é o seu to be or not to be.

Para driblar as origens e escapar aos mandatos dos ancestrais, é preciso não obedecer cegamente a eles. Isso implica ter consciência de seus mandatos e sustentar a recusa quando ela é necessária. Difícil, mas possível.

nadinha

O culto dos ancestrais está presente em todas as culturas. Para proteger o espírito do morto na sua viagem para o além, os mapuches da América do Sul esculpiam uma pessoa de madeira e punham em cima do túmulo. Quando a escultura caía, eles não a levantavam. A queda significava que o espírito havia chegado ao seu destino.

Exemplares de Chemamull, estátua funerária do povo Mapuche, em exposição no Museu de Arte Pré-Colombiana, Santiago, Chile, foto, sd

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