LADRÃO É LADRÃO
O roubo é frequentemente atribuído à pobreza. Mas, ainda que um pobre possa se entregar ao roubo, o verdadeiro ladrão rouba para existir. Descobri isso escrevendo Consolação.
No romance, Laura erra pela cidade em busca de si mesma. Na sua busca, ela escuta os pobres e os criminosos. Conta a história de um ladrão que roubou a vida inteira, foi encarcerado mais de uma vez e só parou de roubar aos 92 anos por não estar mais apto. Ao deparar com o delegado, na última vez, ele diz que “não é possível ser um bom ladrão sem escutar direito”. O humor ele não perdeu.
nadinha
Segundo Freud, nós temos a paixão do crime no sangue. Séculos antes do advento da Psicanálise, isso foi dito por um poeta, Gregório de Matos. “Uma só natureza nos foi dada (…) Todos somos ruins, todos perversos. Só nos distingue o vício, e a virtude, de que uns são comensais, outros adversos.”