CUSTA MENOS DIZER NÃO DO QUE RENUNCIAR AO PRÓPRIO DESEJO

Tão importante dizer sim aos ancestrais quanto dizer a eles não. A história de cada um de nós depende da relação que estabelecemos com os pais e mesmo com os avós. Quem não se viu às voltas com o desejo de satisfazê-los ou com a necessidade de escapar à pressão feita por eles?

A impossibilidade de insistir no que desejamos acaba sendo danosa. Só é possível se dar bem consigo mesmo assumindo o próprio desejo, ainda que o mais das vezes isso seja difícil. E, em geral, é – porque o desejo é subversivo.

nadinha

Montaigne foi um independente, ou seja, seguiu sempre a trilha do seu desejo. Em outras palavras, tinha a coragem de dizer não. Voltando-se contra as opiniões de todos os seus contemporâneos do século XVI, escreveu nos Ensaios que o banho era salubre e era por ter perdido o hábito de se lavar todos os dias – hábito antes existente em todas as nações – que os homens adoeciam.

Quem, no século XXI, pode imaginar que a água foi considerada nociva pelos nossos antepassados? Na Idade Média, existiam os banhos públicos, frequentados por homens e mulheres. Já na Renascença, temendo a propagação da peste pela água, os médicos desaconselhavam o banho. Segundo um cirurgião de Henrique II, “a carne fica mole e os poros abertos… o vapor pestilento pode entrar no corpo e, subitamente, mata”.

Paul Cézanne, “As grandes banhistas”, óleo sobre tela, 1895-1906

Comentários sobre "CUSTA MENOS DIZER NÃO DO QUE RENUNCIAR AO PRÓPRIO DESEJO"
  1. Dizer não aos ancestrais é um grande tema. Eu sempre lutei contra o status quo. Hoje me rendo a aceitar a ancestralidade como sabedoria a ser respeitada. Ótima reflexão Betty. Gratidão

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