A HORA ÚNICA

O amor faz ver o invisível e faz ouvir o inaudível.

 

A tudo me disporia para escutar a voz que me transporta para longe na terra ou me faz singrar numa catedral de vidro em alto mar, atravessar as águas, ora olhando o cardume pintalgado dos cavalos-marinhos, ora a constelação efêmera das estrelas-do-mar, esquecida de ser quem sou e de que eu e ela somos mortais.

(…)

A vez é única e é com uma taça datada de um tempo imemorial que eu e ela brindamos. “– Vê como sou tua, murmuro”, Querida, ouço, enquanto ficamos à espera da música. Depois, a torrente cessa e volta a calmaria pouco antes de a valsa acabar.

 

 

A trilogia do amor/A paixão de Lia

“La valse”, de Maurice Ravel, coreografia de Paulo Ribeiro (1953) para a Companhia Nacional de Bailado Portuguesa, cena do curta-metragem homônimo do cineasta João Botelho, 2012