consulta com Betty Milan
VÍTIMA DO VÍCIO
Estou casada há 17 anos e tenho dois filhos. Sou vaidosa e me cuido muito. Meu marido é fumante e, de uns meses para cá, não acontece nada. Ele está ficando impotente, mas não admite. Só diz para eu ter paciência.
Tenho 40 anos, gosto de sexo e queria toda semana. Sonho com outros homens e estou me consumindo nisso. Trair eu não sei se posso. O que fazer?
Se o seu marido está mesmo ficando impotente por causa do cigarro, ele é viciadíssimo e o seu drama é o dos cônjuges de viciados. Infelizmente, não adianta dizer: “O vício ou eu”. Porque não é uma questão de escolha. Se fosse, seria fácil. O seu marido deixaria de fumar para que a sua impotência não se agravasse ainda mais, antes de a própria vida se tornar impossível. Ele supostamente não tem como mudar de conduta sem se tratar.
Mas nada te obriga a ficar com um homem que está se matando. Amor não é. Do contrário, você não se consumiria sonhando com outros. Por que fica? Você precisa encontrar a resposta para sair dessa e não adoecer. O limite da tolerância é a autopreservação. Como diz um provérbio francês: “Ninguém é obrigado a fazer o impossível”.
Você tem o direito de gostar de sexo e querer toda semana. Todo dia, por que não? Como os japoneses, que transam cedinho, antes de ir para o trabalho. O sexo é a fonte da vida e uma das suas manifestações mais importantes. Contrariando as regras do casamento, o seu impõe a abstinência. Você bem pode ser comparada à freira que, sendo casta, vive ameaçada pelas imagens lúbricas dos sonhos ou pelo abraço imaginário do demônio masculino, que, segundo a lenda, copula à noite com as mulheres – o íncubo. Você tem vida de freira, embora seja esposa de um homem, e não de Deus.
No século XIX, com a sua idade, você seria considerada velha. Ou melhor, antes. Aos 30, a mulher já não tinha chance de encontrar “um partido”, era uma solteirona. Neste século, aos 40, a mulher tem a vida pela frente. Está a dez anos da menopausa, que ela contorna com os hormônios para chegar aos 60 em forma. Portanto, é melhor se apegar menos ao passado e pensar mais no que está por vir. Não desperdiçar a vida, que a morte é certa.
O LIMITE DA TOLERÂNCIA É A AUTOPRESERVAÇÃO
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