consulta com Betty Milan
TROVADOR
Estou escrevendo porque me sinto assim: sem amor, sem carinho, sem alguém para amar, sem alguém para esperar e para me esperar, sem os sonhos de uma vida a dois, sem abraço nem beijo, sem sexo nem briga de amor. Tenho o peito oprimido e uma tristeza morna, que briga com minha fé e esperança.
Desejo quem não me quer. Tenho um tesão enorme por dois vizinhos. O primeiro é um homem de 33 anos, que sai com todas e todos. Estremeço sempre que o vejo ou escuto o som da sua moto. O segundo é um rapaz de 20 anos. Garoto problema, usa drogas, não estuda e tem amizades perigosas. Moramos na mesma rua e estudamos na mesma escola. Passo os dias imaginando uma noite com cada um deles, mas sei que isso não vai acontecer. O que eu faço?
Ao te ler eu me lembrei da Maysa. Você até poderia escrever um samba-canção, cujo título começaria como o e-mail que você me enviou: Sem amor, sem carinho / Sem alguém para amar / Sem abraço nem beijo… Quero dizer com isso que você tem algo do trovador. Como ele, você poderia cantar o amor.
Como o trovador, que nem sempre tinha acesso à dama, você privilegia a imaginação, passa os dias sonhando com noites tórridas que não acontecem. Sonha de dia e à noite dorme insatisfeito. Isso não é vida! E só está acontecendo porque, para você, imaginar é viver. Você tanto imagina que até com briga de amor você sonha. Como se os amantes brigassem. Quem ama, verdadeiramente, não briga. Busca o acordo sempre. Porque o amado suspende a realidade, faz o amante esquecer o que o contraria. A presença dele aquece mais do que o sol…
Seja como for, você tanto precisa satisfazer a sua imaginação – e a via para isso talvez seja a da arte – quanto precisa se satisfazer sexualmente. Procure o homem que te queira. Se não for capaz, procure quem possa te ajudar.
ANDORINHA SOZINHA
NÃO FAZ VERÃO