consulta com Betty Milan
PRECONCEITO
Na verdade, qual é a diferença entre ser gay e ser normal? Tudo, claro.
E a lésbica? Qual a diferença? Quer ser homem, mas não é. Não basta se masculinizar.
Vamos impedi-los de ser o que querem? Ou deixar que se afundem para acabar a vontade de ser o que não são?
Só o que faltava era o casamentinho dos gays e das lésbicas. Ainda por cima, querem adotar crianças como se fossem normais!
Por que será que você me escreveu? Tendo em vista o tom do seu e-mail, acho que é para eu me render aos seguintes ensinamentos: a) não há nenhuma semelhança entre quem é gay ou lésbica e quem é heterosexual; b) a lésbica não passa de uma frustrada, pois desejaria ser homem e não é; c) basta deixar os gays e as lésbicas livres para que eles deixem de ser como são; d) só os “normais” têm direito à adoção.
Se não houvesse nada em comum entre os homo e os heterossexuais, você não afirmaria tão categoricamente que eles diferem uns dos outros em tudo e por tudo. Se os homossexuais estivessem condenados a se danar, a homossexualidade já teria desaparecido da face do mundo. Verdade que ela hoje não tem o direito de cidadania que tinha na Grécia antiga, onde a alternância entre a predisposição heterossexual e a homossexual no mesmo indivíduo não era considerada problemática para ele ou para a sociedade e não causava nenhuma estranheza.
Por fim, não vejo como é possível nos tempos de hoje se opor à adoção de uma criança por um casal (homo ou hétero) ou por um solteiro que deseje adotar um filho e tenha condições de educá-lo. Quantos filmes análogos a Falcão – Meninos do tráfico serão necessários para desalojar o preconceito? Para desqualificar o moralismo arrogante dos que não querem enxergar a realidade?
QUEM PODE EDUCAR PODE ADOTAR
Publicado em Fale com ela