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DÚVIDA CRUEL

Tenho 18 anos e sou de São Paulo. Há dois anos e meio, eu vivo uma amizade virtual com uma garota da mesma idade que mora no Rio de Janeiro. Nós conversamos todo fim de semana e somos muito amigos.

Há um tempo, percebo que não é mais só amizade, que estou apaixonado. Quero muito me abrir com ela, mas não sei se devo. Por um lado, eu temo que a amizade acabe e, por outro, que a distância impeça uma relação entre nós. Gostaria muito de ir ao Rio conhecê-la, porém, meus pais não vão autorizar. O que eu faço?

 

Entendo a sua dificuldade. Você quer preservar a amizade, que é o maior dos bens. Para Xenofonte, “um bom amigo está sempre pronto a substituir o amigo em tudo o que lhe faltar – nos cuidados da casa ou nos negócios de Estado… O amigo devoto oferece tudo o que as mãos, os olhos, as orelhas e os pés nos dão”(69).

Se você estivesse certo de que o seu sentimento de hoje, a sua paixão, contraria a sua amiga, não valeria a pena se abrir. Mas você não está certo disso e, se não correr o risco de dizer o que sente, pode estar perdendo a oportunidade de viver um belo amor, o dos que sabem se escutar e se respeitar.

Agora, para ter certeza de que vale a pena correr o risco, é necessário ir ao Rio. Vendo a garota, você saberá o que fazer. E como a ida é fundamental para a sua vida, procure conseguir a autorização dos seus pais explicando a situação a eles.

No que diz respeito à distância, ela não é e nunca foi um empecilho – tanto na amizade quanto no amor. As verdadeiras amizades crescem à distância e os grandes amantes sempre souberam se valer das palavras para vencer o afastamento geográfico e impedir o esquecimento.

Ademais, de avião, o Rio fica a uma hora de São Paulo e, de ônibus, fica a seis. Um pulo. Sobretudo quando se tem 18 anos, ou seja, a felicidade de dispor de tempo.

  

DISTÂNCIA NÃO É

EMPECILHO PARA QUEM AMA

 

Publicado em Fale com ela