consulta com Betty Milan
DESGOSTO
Tenho 44 anos. Me casei com 25 e descobri na lua-de-mel que o meu marido era impotente. De vergonha e por amor a ele, além de uma certa covardia, não disse nada a ninguém. Uma vez por semana, nós nos masturbávamos. Ele tinha uma pequena ereção antes de ejacular. Quatro anos depois de casada, resolvi ter um filho. No dia certo, segurei o pênis dele o máximo possível dentro da minha vagina, ele ejaculou e eu engravidei.
Depois do nascimento da minha filha, obriguei-o a procurar um médico. Constatou-se que a impotência era psicológica. Ele fez um tratamento durante oito meses e depois se voltou contra mim. Saí do emprego, me afastei da família e dos amigos e fiquei em casa só cuidando da menina. Aos 40 anos, conheci o homem com quem tive minha primeira relação sexual. Fui procurar uma psicóloga para me separar, mas não consegui. Hoje, eu tomo antidepressivos e durmo quase o dia inteiro. Estou sozinha porque não quero ter um amante, quero uma vida amorosa completa. A cada dia que passa, eu me sinto mais velha e mais fraca. Será que você pode me ajudar?
Posso. Dizendo que você é responsável pelo drama que está vivendo. Você, aliás, sabe disso. Do contrário, não teria usado a palavra covardia para caracterizar a sua conduta no início do casamento, que poderia ter sido anulado se você quisesse.
Por outro lado, você só “obrigou” o marido a procurar o médico depois de ter tido a sua filha, ou seja, do casamento bem consolidado. Porque supostamente o que você mais queria era a consolidação. Foi quando o seu marido se voltou contra você que a sua vida se tornou impossível.
Tomar antidepressivos pode ser necessário, porém, não é suficiente. Você precisa sair da cama – onde nada de realmente bom te acontece – e ir para o divã do psicanalista. Descobrir aí a que imperativo você inconscientemente obedece para não se separar de um homem que se casou sem mencionar a impotência e que se voltou contra você. Sua filha não pediu para nascer e tem o direito de não viver com uma mãe continuamente deprimida.
QUEM SE DEIXA ENGANAR
É IRRESPONSÁVEL
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