consulta com Betty Milan

DEPENDENTE

Tenho 28 anos e há quatro eu acabei um relacionamento que durou sete. Me separei e mudei de cidade para morar com minha avó, que estava sozinha. Além de viúva, perdeu o meu pai. Tem uma filha que não quer se ocupar dela.

Por causa do casamento, parei os estudos cedo. Agora, penso em trabalhar e estou na faculdade para isso. Só que, vira e mexe, eu interrompo por não encontrar alguém que fique com minha avó. Você acha que estou esquecendo da minha vida e posso me arrepender?

 

 

Você pára os estudos por se casar. Depois, pára novamente por não encontrar alguém que se ocupe da avó. Trata-se de uma conduta repetitiva, em que você privilegia a relação com o outro em detrimento da sua formação. Claro que pode se arrepender.

Acho que está se esquecendo da sua vida, mas não porque você seja especialmente boa, e sim porque você é dependente da dependência da avó. Do contrário, já teria encontrado alguém para cuidar dela quando você se ausenta para estudar.

Nada é mais difícil do que a separação – a que nós estamos continuamente destinados a partir do nascimento. Sem ela, ninguém dá a luz. Ninguém nasce ou cresce.

Aprender a se separar é absolutamente necessário. Ao nascer, a gente se separa da mãe. Ao crescer, dos pais. Ao envelhecer, dos filhos. Ao morrer, da vida. E só neste caso nada sentimos, pois, como diziam os romanos, quando a morte se apresenta nós não estamos e quando nós estamos a morte não está.

Só quem sabe se separar pode ser feliz. Porque a condição da felicidade é o desapego, que está na base do ensinamento do Buda, cuja filosofia o Ocidente está enfim descobrindo.

 

 A CONDIÇÃO DA FELICIDADE  É O DESAPEGO

 

 

Publicado em Fale com ela