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DE MÃOS ATADAS

Tenho 22 anos, namoro há sete. O relacionamento sempre foi muito tranqüilo, mas, de um tempo pra cá, não sei se gosto dele de verdade ou se estou apenas acostumada com a situação. Não fico feliz com ele, não tenho vontade de beijá-lo e não consigo mais sentir prazer na cama.

Já pensei muito sobre o assunto e cheguei à conclusão de que devo terminar o namoro, porém, não tenho coragem. Fui várias vezes à casa dele, decidida a romper, e não consegui; fiquei desesperada só de imaginar.

Ele é ótimo, não me deu motivo algum para terminar. Infelizmente, eu não o amo mais. Não sei como dizer isso sem magoá-lo.

  

Primeiro, você diz que não sabe se gosta. Depois, que não é feliz com o namorado e não tem tesão por ele. Dois indícios de que não o ama. No entanto, só bem no final do seu e-mail você afirma isso. Vai devagarinho, pois não é fácil. O importante é descobrir a razão dessa dificuldade. Algo na sua história te impede de tomar a iniciativa de romper, ser a que diz não. O que será? A palavra não é tão decisiva quanto a palavra sim. Quem não pode dizer não, nunca diz sim verdadeiramente.

Procure a resposta para a questão acima na sua história familiar ou na sua educação, já que as mulheres são freqüentemente educadas só para o sim. Com a resposta, você encontrará a forma de dizer o que precisa ser dito e já não correrá o risco de se referir a si mesma no futuro com o verso trágico de Rimbaud: “Perdi a vida por delicadeza”.

Tudo, menos perder a vida, e, ademais, não há como poupar o outro escondendo uma verdade que ele precisa saber. Só é possível poupá-lo encontrando a maneira adequada de falar. Ou seja, o tom.

Há muitas maneiras de dizer eu não te amo. Tanto pode ser eu não te amo bem rápido, como quem despacha um empregado, quanto eu não te amo, mas pode contar comigo se precisar.

 

Quem não DIZ não

nunca diz sim

 

Publicado em Fale com ela

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